A fibrose cística (FC) é uma doença genética hereditária, autossômica recessiva, que afeta principalmente o sistema respiratório e o sistema digestivo. Resulta de mutações no gene CFTR (Cystic Fibrosis Transmembrane Conductance Regulator), responsável por regular o transporte de íons através das membranas celulares. Essas alterações levam à produção de secreções mais espessas e viscosas do que o normal, favorecendo o acúmulo de muco, infecções recorrentes e obstruções em diversos órgãos (Elborn, 2016).
Estima-se que a fibrose cística seja uma das doenças genéticas graves mais comuns na população caucasiana, com prevalência variando entre 1 para cada 2.000 a 4.000 nascidos vivos (Ratjen & Bell, 2018).
Manifestações Clínicas da Fibrose Cística
A doença apresenta um espectro variado de sintomas, que podem aparecer desde os primeiros meses de vida até a vida adulta. Entre os principais, destacam-se:
Sistema respiratório: tosse crônica, produção de escarro espesso, infecções de repetição (como bronquiectasias e pneumonia), redução progressiva da função pulmonar.
Sistema digestivo: má absorção de nutrientes, pancreatite, desnutrição e déficit no crescimento.
Outros sistemas: infertilidade masculina, complicações hepáticas e diabetes relacionado à fibrose cística.
O comprometimento pulmonar é a principal causa de morbidade e mortalidade em pacientes com FC (Flume et al., 2009). Por isso, o tratamento respiratório é fundamental para prolongar a sobrevida e garantir qualidade de vida.
O Papel da Fisioterapia na Fibrose Cística
A fisioterapia respiratória é considerada parte essencial do tratamento da fibrose cística. O objetivo principal é manter as vias aéreas desobstruídas, otimizar a ventilação pulmonar, prevenir infecções e reduzir o declínio da função respiratória (Bilton et al., 2019).
As técnicas mais utilizadas incluem:
Drenagem postural: posicionamentos que favorecem a eliminação do muco.
Técnicas de higiene brônquica (como a técnica de expiração forçada e PEP – pressão expiratória positiva): ajudam na remoção de secreções espessas.
Exercícios respiratórios e de expansão pulmonar: melhoram a ventilação e a oxigenação.
Treinamento muscular respiratório: fortalece a musculatura inspiratória e expiratória.
Exercícios físicos supervisionados: auxiliam na melhora da capacidade aeróbica, na função muscular periférica e no bem-estar geral.
A Lob fisioterapia domiciliar oferece uma abordagem individualizada e prática para pacientes com fibrose cística, atendendo às necessidades específicas de cada pessoa no conforto do lar. Essa modalidade de atendimento tem benefícios significativos, especialmente considerando a cronicidade da doença e as dificuldades de deslocamento frequentes.
As vantagens do atendimento domiciliar incluem:
Tratamento personalizado: o fisioterapeuta avalia as condições clínicas do paciente e adapta as técnicas de acordo com a evolução do quadro.
Maior adesão ao tratamento: estar em casa favorece a continuidade da fisioterapia, evitando faltas devido a cansaço ou dificuldades logísticas.
Prevenção de infecções cruzadas: ambientes hospitalares podem aumentar o risco de contaminações; no domicílio, esse risco é reduzido.
Conforto e qualidade de vida: o paciente não precisa se deslocar, o que é especialmente importante em fases de maior comprometimento respiratório.
Educação em saúde: a família recebe orientações diretas sobre cuidados respiratórios e apoio para a rotina do tratamento.
A fibrose cística é uma condição desafiadora, mas os avanços no tratamento têm proporcionado maior sobrevida e melhor qualidade de vida aos pacientes. Nesse contexto, a fisioterapia respiratória desempenha papel central, atuando diretamente na manutenção da função pulmonar e no controle das complicações respiratórias.
Com a LOB fisioterapia domiciliar, pacientes com fibrose cística têm a oportunidade de receber um cuidado humanizado, especializado e contínuo, sem sair de casa. Essa modalidade de atendimento contribui não apenas para a melhora clínica, mas também para o bem-estar emocional e social, garantindo mais saúde e autonomia ao paciente e à sua família.
Referências Bibliográficas
Bilton, D., Canny, G., Conway, S., Dumcius, S., Hjelte, L., Proesmans, M., … & De Boeck, K. (2019). Pulmonary therapies in cystic fibrosis: physiotherapy, inhaled drugs and lung transplantation. Journal of Cystic Fibrosis, 8(6), 405–414.
Elborn, J. S. (2016). Cystic fibrosis. The Lancet, 388(10059), 2519–2531. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(16)00576-6
Flume, P. A., Robinson, K. A., O’Sullivan, B. P., Finder, J. D., Vender, R. L., Willey-Courand, D. B., White, T. B., Marshall, B. C. (2009). Cystic fibrosis pulmonary guidelines: airway clearance therapies. Respiratory Care, 54(4), 522–537.
Ratjen, F., & Bell, S. C. (2018). Cystic fibrosis: current and emerging treatment strategies. Respiratory Medicine, 141, 95–101. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2018.07.011
Nenhum comentário:
Postar um comentário