A pneumonia é uma das principais causas de internação no mundo e, mesmo com o tratamento médico adequado (antibiótico, oxigênio quando necessário), muitos pacientes ficam com fraqueza, baixa tolerância ao esforço e acúmulo de secreções. A fisioterapia entra como suporte essencial para acelerar a recuperação funcional — com segurança — e reduzir os efeitos do repouso prolongado.
O que a ciência mostra
Mobilização precoce durante a internação: revisões sistemáticas indicam que colocar o paciente para sentar, levantar e caminhar o quanto antes reduz o tempo de internação em cerca de 1 dia, sem aumentar eventos adversos — embora não haja efeito claro sobre mortalidade. Isso reforça o papel ativo da fisioterapia já no hospital.
Técnicas respiratórias/“fisioterapia respiratória”: a evidência para técnicas específicas de desobstrução (como percussão, vibração e ciclo ativo da respiração) em pneumonia ainda é incerta. Alguns recursos, como o PEP (pressão expiratória positiva), podem encurtar discretamente a internação em subgrupos, mas a certeza é baixa. Ou seja: a escolha é individualizada e baseada na avaliação clínica (se há secreção, padrão ventilatório, dor, fadiga).
Em cenários graves (ex.: UTI/COVID-19), iniciar fisioterapia cedo é seguro e pode encurtar a permanência hospitalar, quando bem indicado e monitorado.
Por que continuar em casa com a LOB Fisioterapia
A alta hospitalar não significa fim da reabilitação. Pelo contrário: os primeiros 30–60 dias são decisivos para recuperar força, fôlego e independência nas atividades do dia a dia. A fisioterapia domiciliar da LOB leva até você protocolos usados no hospital, adaptados ao seu ambiente e rotina:
1. Treino de esforço e mobilidade progressiva: caminhadas fracionadas, sentar-levantar, escadas (quando possível) e tarefas funcionais que elevam gradualmente o nível de atividade e combatem o destreinamento. Evidências mostram que níveis maiores de atividade durante/apos a internação se associam a melhores desfechos e menor permanência no hospital.
2. Reeducação respiratória e higiene brônquica quando indicada: exercícios de controle ventilatório, expansão torácica, huff/expiração forçada e, quando houver secreção espessa, dispositivos como PEP podem ser incorporados com critério. Como a evidência específica varia, a decisão é personalizada a cada quadro.
3. Economia de energia e retorno às AVDs: técnicas para reduzir cansaço (pacing), organizar a rotina e retomar autocuidados com segurança.
4. Monitoramento de sinais de alerta: o fisioterapeuta acompanha saturação, frequência respiratória e evolução de sintomas, orientando quando procurar o médico diante de febre persistente, piora da falta de ar, dor torácica ou queda da saturação.
5. Educação e prevenção: adesão ao plano médico, vacinação, hidratação, higiene das mãos e condicionamento físico — pilares para evitar novas infecções.
Para quem a LOB é especialmente útil
Idosos, pessoas com comorbidades (DPOC, cardiopatias, diabetes) ou que perderam muita força na internação.
Pacientes com limitação de deslocamento, que se beneficiam do cuidado no próprio lar, com equipamentos portáteis e plano sob medida.
O que você pode esperar de um plano domiciliar LOB
Avaliação inicial detalhada (força, marcha, fadiga, tosse/secreção, saturação).
3 a 5 sessões/semana no início, com progressão baseada em metas mensuráveis (tempo de marcha, número de passos/dia, testes funcionais).
Integração com o médico para ajustes de tratamento.
Alta planejada com exercícios de manutenção e metas de atividade física.
Resumo prático: a melhor evidência hoje apoia mobilização e atividade física estruturada como núcleo da reabilitação na pneumonia; técnicas de limpeza de vias aéreas são adicionadas quando houver indicação clínica. Fazer isso em casa, com supervisão qualificada, acelera o retorno à independência e reduz o risco de declínio funcional.
Referências bibliográficas
1. Cochrane Review — Chest physiotherapy for pneumonia in adults (2022). Conclusão: evidência muito incerta para benefícios amplos; possível redução discreta do tempo de internação com PEP em subgrupos. DOI: 10.1002/14651858.CD006338.pub4.
2. Larsen T, Lee A. Effect of Early Mobility as a Physiotherapy Treatment for Pneumonia: A Systematic Review and Meta-Analysis. Physiother Can. 2019. Achado principal: redução média de ~1,1 dia na permanência hospitalar; sem efeito em mortalidade/readmissão.
3. Ryrsø CK et al. The impact of physical training on length of hospital stay and physical function in patients hospitalized with community-acquired pneumonia: protocol and síntese de evidências prévias (CAP). Trials. 2021. Contextualiza dados observacionais: mais passos/dia e mobilização <24h associam-se a menor tempo de internação.
4. Bordas-Martínez J et al. Effects of Early Physical Therapy in Acute Severe COVID-19 Pneumonia. Front Med. 2022. Resultado: segurança para pacientes e equipe; internação mais curta quando a fisioterapia inicia cedo.
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