Correr uma ultramaratona é um desafio extremo, tanto físico quanto mental. Distâncias superiores a 42 km, muitas vezes realizadas em terrenos acidentados e sob condições climáticas variadas, colocam o corpo humano em constante adaptação. Porém, junto com os benefícios dessa prática, existe um ponto de atenção: o risco de lesões.
Estudos recentes mostram que as taxas de lesões em corredores de trilha e ultramaratonistas variam bastante, podendo afetar de 18% a mais de 70% dos atletas ao longo de uma temporada. Essa variação ocorre porque o risco depende de múltiplos fatores, como volume e intensidade de treino, experiência prévia, tipo de terreno e histórico de lesões.
As lesões mais comuns são as de membros inferiores, especialmente joelho, tornozelo e pé. Entre elas, destacam-se tendinites, fascite plantar, síndrome da banda iliotibial e fraturas por estresse. Ao contrário do que muitos pensam, nem sempre o excesso de quilometragem é o único vilão: treinar de forma inadequada para o tipo de terreno e não respeitar períodos de descanso também aumentam significativamente a probabilidade de problemas.
Outro ponto importante é que corredores experientes não estão imunes. A pesquisa aponta que, embora a experiência reduza a incidência de certas lesões, ela não elimina o risco — especialmente em provas com ganho altimétrico elevado, onde a sobrecarga muscular e articular é intensa.
Para reduzir esses riscos, é fundamental seguir uma preparação física completa, que inclua fortalecimento muscular, treino de propriocepção e variação de estímulos, além de acompanhamento por profissionais especializados, como fisioterapeutas e treinadores. Investir em prevenção não só evita afastamentos, como também melhora a performance e a longevidade na modalidade.
Referência bibliográfica:
Hoffman, M. D., & Krabak, B. J. (2024). Epidemiology of injury in ultramarathon runners: A systematic review update. Sports Medicine, 54(2), 181–196. https://doi.org/10.1007/s40279-023-01945-7
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